Dança.
50 min.
DIREÇÃO Mathieu Duvignaud.
DANÇARINA Ana Cláudia Viana
ILUMINAÇÃO: Ronaldo Costa
TRILHA SONORA ORIGINAL Marco Antonio Suarez Cifuentes.
CENOGRAFIA E FIGURINOS Irapuan Júnior e Mathieu Duvignaud.
OFICINAS DE MÁSCARAS E TÉCNICA CIRCENSE Nil Moura
ASSISTÊNCIA TÉCNICA Nil Moura
« Não só os filósofos, eles são também os nossos antepassados que distinguem a religião da superstição. Aqueles que preferiram enviar orações aos deuses para que seus filhos sobrevivam, nós chamamo-los supersticiosos; a palavra mais tarde teve um sentido mais abrangente. Aqueles que diligentemente permaneceram de mãos postas para a adoração dos deuses, criando normas e buscando um sentido, mereceram o rótulo de religioso porque guardiões, diligentes, seres zelosos e em conexão com os deuses. Encontramos nestas palavras a ideia de lenda e religião. Entre os religiosos e supersticiosos, para que haja essa diferença, que a primeira destas palavras seja compreendida como fraqueza, e a segunda como mérito. » Cícero, da natureza dos Deuses, 2, 28, 71.
Homem. Seus mitos, suas fases e matrizes. A pergunta: O que é uma vida? É um tempo intercalado de experiências? São os registros corporais e memórias de um tempo que se permite a ser cronológico e descontínuo ao mesmo tempo? Ad Infinitum é uma obra dançada, mas antes de tudo é uma ode à capacidade que o homem tem de explicar o inexplicável e de criar portas para lidar com o indizível, vias de saída onde a poesia e a imaginação se manifestam pelas potencialidades e criações artísticas, a morte se torna uma festa e o medo se faz riso. Desvela-se como um compêndio da história humana, tendo em vista que percorre Temas Universais como: Criação, Nascimento, Tempo, Arte, Amor, Sexo, Violência e Morte. Tais temas são compreendidos como comuns a todos os humanos e culturas, sendo os mesmos neste trabalho percebidos e vivenciados pelo viés da criação artística, numa construção que envolve linguagens como a dança, elementos teatrais – o trabalho com máscaras, elementos circenses e tecnológicos, amalgamados no desenvolvimento do processo criativo. Como referência para a criação artística, e lidarmos com os temas universais escolhidos, utilizaremo-nos de vários textos do imaginário e da cultura popular latino-americana sobre a origem do mundo, sua criação e seus afluentes: o amor, violência, sexo, morte …, contidos na compilação chamada Popul Vuh conhecido como o Livro da reunião, o Livro essencial do conselho indígena quiché, povo de origem maia. Para o poeta guatemalteco Luis Cardoza y Aragón, Popol Vuh é a bíblia dos guatemaltecos, os filhos do milho. Um conjunto de textos sagrados e profanos, recheados de aventuras heroicas, onde se envolvem deuses, homens e animais, num contexto mágico onde se misturam a origem do mundo, do homem e dos deuses, que promovem valores literários, místicos, filosóficos, artísticos e científicos. Ad Infinitum é composto por oito quadros sucessivos na seguinte estrutura: Criação, Nascimento, Tempo, Arte, Amor, Sexo, Violência e Morte. Em seu processo criativo teremos o desenvolvimento de oficinas voltadas para o trabalho aéreo (Anexo 1), nas quais nos utilizaremos dos aparatos técnicos do circo, uma vez que há cenas nas quais não usaremos o solo como superfície de trabalho e sustentação; para o trabalho com máscaras peculiar ao teatro, por percebermos a necessidade das expressões faciais enquanto gestualidades textuais nas quais a palavra não se fará presente e um diálogo com a ferramenta de BIOFEEDART (Anexo 2). Esta técnica de biotecnologia gera sons e mudanças na iluminação do show devido às vibrações internas do corpo do artista no palco e as emoções que correm por ele. Os batimentos cardíacos, os movimentos físicos, as variações da eletricidade do corpo, e as ondas cerebrais serão capturadas e, em seguida, ao vivo respondendo diretamente às sensações do próprio artista. Assim uma parte da sonoplastia e da iluminação será aleatória e puramente subjetiva, criada do próprio acaso do momento, fazendo de cada apresentação um momento único.Além da dançarina teremos no palco um maquinista, chamado de Deus ex machina (Anexo 3), vestido de preto que com ela dialogará quando realizar a ativação de vários elementos cênicos como roupas, máscaras ou a passagem do solo para o ar. A cenografia será simples, concentrada no máximo em dois elementos essenciais: um grande pano de tecido e um fantoche: televisão. O tecido será o fundo, mas às vezes vai passar a fazer chão, ou até mesmo vestido. Será adaptável de acordo com as cenas. Usamos nylon para as suas virtualidades específicas, maleabilidade e sua capacidade de refletir a luz. O fantoche é um tubo de televisão privada do seu invólucro de plás-tico, mas ligadas a cabo elétrico e de vídeo para uso em projeção de imagens. Ele será operado como um fantoche pelos cabos que suspendem e dar-lhe a vida tem muitos momentos do espetáculo, será um personagem completo. Há vários outros elementos envolvidos no espetáculo, como removíveis que serão operados pelo nosso Deus ex machina criando interações diretas com a dançarina.